2.5.08

Luar

A luz atravessa a fresta. Um feixe – um único feixe. Rajada – escorre vagarosamente do ventre ao chão, do chão à fresta. Sem feixe. Sem luz.

Peço que nos deixem.

Seu olhar é distante, infixo. “Se desfalecer, sonha?” Pergunto-me; talvez em voz alta. Seu olhar se fixa em mim.

Vento. Uma nova fresta – uma luz oscilante. Dispo-me. Aproximo-me – ele imóvel. Corto-lhe as roupas. Dispo-lhe. O abraço – afago seus cabelos. Ele treme. Afasto-me, ainda em seu colo, olho-o uma vez mais. Um outro abraço, um beijo. Seguro-o apertado, ele estremece forte, depois fraco, então não mais. Um líquido fumegante desce minhas costas.

Seu olhar é distante, fixo...

Levanto-me. A porta. Desejo água. Bastante.

A água percorre meu corpo e deixa-me, rubra. Visto-me. E a lua me ignora. Sob o galho de uma árvore me deixo ver. Estendo a mão, alcanço uma fruta, toco-a com meus lábios, sorvo seu sumo.

Sumo.


por André Drago

2 comentários:

Anônimo disse...

uau,caralho!
foi o último.

Anônimo disse...

Esse é o melhor.